quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Simone de Beauvoir


Em 1857, a sociedade francesa escandalizou-se com a publicação de uma novela dramática de Gustave Flaubert. Tratava-se de um relato ficcional, escrito com crueza e realismo, sobre a esposa de um médico rural, Ema Bovary, que depois de ter praticado adultério se suicidara. Livro que serviu de velada condenação ao comportamento feminino e das forças que se combinavam por desgraçar a mulher. Quase um século depois, em 1949, a mesma sociedade foi novamente abalada, desta vez por um contundente ensaio publicado por uma das mais famosas escritoras do país: Simone de Beauvoir. O título era O Segundo Sexo, livro que desde então correu o mundo e contribuiu definitivamente para a emancipação da mulher contemporânea.

Simone De Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908, e faleceu a 14 de abril de 1986, em Paris. Participante do grupo de escritores filósofos que deram uma transcrição literária dos temas do Existencialismo, ela é conhecida primeiramente por seu tratado Le Deuxième Sexe (1949 - O Segundo Sexo), um apelo intelectual e apaixonado pela abolição do que ela chamou o mito do "eterno feminino". Esta notável obra tornou-se um clássico da literatura feminista.

Educada em instituições privadas, Simone depois freqüentou a Sorbone onde, em 1929, concluiu filosofia e conheceu Jean-Paul Sartre, mantendo com ele um companheirismo por todo o resto da vida. Ela ensinou em várias escolas (1931-43) antes de voltar-se para escrever para se manter. Em 1945 ela e Sartre fundaram e começaram a editar Les Temps modernes, uma revista mensal, da qual eles próprios eram os principais colaboradores.

Suas novelas abordavam os principais temas Existenciais, demonstrando sua concepção do compromisso do escritor com sua época. L'Invitée (1943 - "A convidada") descreve a destruição do relacionamento de um casal sutilmente provocada pela permanência prolongada de uma jovem em sua casa, e também trata do difícil problema de relacionamento de uma consciência para com outra, cada consciência individual sendo fundamentalmente predadora da outra. De suas obra mais a mais conhecida talvez seja é Les Mandarins (1954; Os mandarins), uma crônica da tentativa dos intelectuais do pós-guerra de deixar seu estatus de elite educada, "mandarins", para se engajarem no ativismo político, uma lição que os intelectuais de esquerda seus admiradores aprenderam com rapidez em todo o mundo.

Ela também escreveu quatro livros de filosofia, Pour une Morale de l'ambiguité (1947 - "A ética da ambigüidade"); livros de viagens sobre a China La Longue Marche: essai sur la Chine (1957 - A Longa Marcha: ensaio sobre a China) e L'Amérique au jour de jour (1948 - "A América dia a dia), e vários outros ensaios, dos quais o mais conhecido é o referido "O Segundo Sexo".

Vários volumes de sua obra são devotados a autobiografia. Esses incluem Mémoires d'une jeune fille rangée (1958 - Memórias de uma filha diligente), La Force de l'âge (1960 - O vigor da idade), La Force des choses (1963 - A força das coisas), e Tout compte fait (1972 - Tudo dito e feito). Esses trabalhos mostram um retrato claro e significativo da vida intelectual francesa dos anos 30 aos anos 70.

Preocupada também com o problema da velhice, que ela aborda em Une Mort très douce (1964 - "Uma morte suave"), sobre a morte de sua mãe num hospital, e La Vieillesse (1970; Old Age), uma amarga reflexão sobre a indiferença da sociedade pelos velhos. Em 1981 ela escreveu La Cérémonie des adieux ("Cerimônia do adeus"), um doloroso relato dos últimos anos de Sartre. Considerada uma mulher corajosa e íntegra, Simone de Beauvoir viveu de acordo com sua própria tese de que as opções básicas de um indivíduo devem ser feitas sobre a premissa e uma vocação igual para o homem e a mulher fundadas na estrutura comum de seus seres, independentemente de sua sexualidade.

MINHA OBS: CTRL C E CTRL V NÃO É SEU, FONTE POR FAVOR!!!!!

http://www.cobra.pages.nom.br/ft-beauvoir.html

http://my.opera.com/Lux%C3%BAria/blog/2009/08/05/os-amores-simone-de-beauvoir


Simone de Beauvoir e Jean - Paul Sartre

Simone conheceu Jean-Paul Sartre na Sorbonne, não tardou a ligar-se a ele, três anos mais velho do que ela, tido como uma das maiores promessas da filosofia francesa, com quem fez um pacto, ao redor do ano de 1929. Comprometeram-se os dois a ter uma relação aberta; pois o casal tinha experiências amorosas com terceiros; e fecunda, que lhes permitiu compatibilizar suas liberdades individuais com sua vida em conjunto. Dedicaram-se integralmente à literatura e à filosofia, abdicando de terem um lar e filhos. Tornaram-se para sempre devotos da palavra escrita, ao sacerdócio das letras e do pensamento.

Sentados num banco de pedra no Jardim do Carroussel, praça diante da entrada principal do Louvre onde hoje se erguem as polêmicas pirâmides de vidro, Jean-Paul-Charles-Aymard Sartre e Simone-Ernestine-Lucie-Marie Bertrand de Beauvoir decidiram firmar, em 1929, um contrato de dois anos. "Entre nós, trata-se de um amor necessário: convém que conheçamos também amores contingentes." Se esta cena chega até hoje com tamanha riqueza de detalhes é porque seus protagonistas assim o desejaram. E, mais do que isso, deliberadamente fizeram de suas vidas uma daquelas narrativas fundadoras: Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, sinônimos de intelectual, existencialismo, engajamento, liberdade e liberação.

O casal sempre morou em apartamentos separados. Simone, inicialmente, vivia num studio na Rue de la Bûcherie, rua onde funciona hoje a livraria Shakespeare & Company (ponto intelectual da Paris de Hemingway e James Joyce), com generosa vista para a Notre Dame, o que impressionou muito seu "marido" americano, o Nelson Algren de O Homem do Braço de Ouro. Em seus últimos anos, ela voltou para Montparnasse onde nascera, ocupando um studio duplex com vista para o belo cemitério onde seria enterrada no mesmo túmulo de Sartre. O filósofo, por sua vez, depois de ter o apartamento atingido por duas bombas, também transferiu-se em 1962 para as imediações do cemitério.

Em 1977, com a saúde cada vez mais debilitada, Sartre é motivo de grande preocupação para Simone, que, junto com outras amigas e amantes dele, se revezam a fim de impedi-lo de continuar bebendo. Senil e cada vez mais manipulado por Benny Lévy, Sartre assina artigos que Simone considera uma dupla traição: a ele mesmo e a ela. A relação entre ambos torna-se tensa, e Simone sofre terrivelmente com a decrepitude de Sartre. Em meados de março de 1980, Sartre é internado no hospital. Jean-Paul Sartre morre no dia 15 de abril. Beauvoir cai numa profunda depressão, e desenvolve uma nova pneumonia, da qual jamais se recuperará totalmente. Depois da morte de Sartre, a saúde física e mental de Simone havia começado a se deteriorar, sobretudo por causa de sua dependência do álcool e de anfetaminas. Beauvoir dá entrada no hospital Cochin, em março de 1986, com dores de estômago supostamente devidas a uma apendicite. Um edema pulmonar é diagnosticado. A cirurgia revela que seu fígado estava debilitado. Depois da operação, Simone contrai pneumonia e permanece num serviço de reanimação. Beauvoir precisa voltar à reanimação, onde seu estado se agrava subitamente. Ela morre na tarde de 14 de abril de 1986, aos 78 anos. Curiosamente, as causas de sua morte são praticamente as mesmas da de Sartre, falecido 6 anos antes, em 15 de abril de 1980.


Em 19 de abril Simone é sepultada no cemitério de Montparnasse, após uma cerimônia que reuniu cinco mil pessoas — que seguiram a pé o cortejo fúnebre até o túmulo de Sartre. Conforme havia desejado, ela é enterrada com o anel (de “noivado”) de Algren em seu dedo. O caixão desce à tumba que Simone partilhará com Sartre. Lanzmann lê um texto de Beauvoir. Um rumor de frustração se eleva da multidão, na maioria composta por feministas, muitas vindas do exterior, um rumor feito de cólera porque é um homem que lê suas últimas palavras, e de frustração porque a maior parte delas havia ficado do lado de fora do cemitério. Ordens haviam sido dadas para que se fechassem os portões cedo demais (talvez em razão dos esbarrões dos fotógrafos de jornal, que haviam quebrado túmulos e empurrado Beauvoir numa cova por ocasião do sepultamento de Sartre). Jacques Chirac, então prefeito de Paris, lê um curto texto dizendo que a morte de Beauvoir assinalava o fim de uma época em que a literatura engajada havia marcado a sociedade. A despeito destas palavras, é evidente que ainda hoje, no século XXI, Simone de Beauvoir continua a inspirar inúmeras pessoas. Basta visitar o cemitério de Montparnasse para se convencer disso: seu túmulo está sempre ornamentado com flores frescas e bilhetes de agradecimento que chegam todo dia dos quatro cantos do mundo.


2 comentários:

  1. Lilian, boa tarde. Pode apagar esse comentário após lê-lo, só o faço para informar-lhe que a foto que você usou para ilustrar Sartre e Simone juntos é na verdade de um casal de amigos deles, se chamam Gerhard Horst ( mais conhecido pelo pseudonimo André Gorz) e Dorine Keir. Escolhi informar-lhe pq as vezes criamos um carinho com certas fotos e é interessante saber mais sobre elas, esse outro casal também tem uma história bastante interessante, embora bastante diferente de Sartre e Simone. Aqui uma foto deles muitos anos depois (http://www.danielmordzinski.com/uploads/images/Gallery/Francia/Andre-Dorine-Gorz.jpg). Atenciosamente, Henrique

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  2. Henrique, entrei aqui para saber isso, eu notei que esse casal não é Simone- Sartre. E a foto está no Pinterest como tal. Espero que a autora leia seu comentário! Abs.

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