terça-feira, 31 de agosto de 2010

Frase do dia

"O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que
as pessoas escalassem o Everest ou fizessem
grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos
amássemos uns aos outros."

Chico Xavier


Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana.

sábado, 28 de agosto de 2010

O que importa é a beleza interior - Ailin Aleixo

Há muito tempo que as mulheres sacaram que os homens mais interessantes, charmosos, cultos e bem-humorados jamais estrelariam uma campanha da Hugo Boss: onde sobram músculos torneados, coxas grossas e boca carnuda geralmente falta humor e inteligência. Coisas da vida. E até tudo bem: podemos até desejar uma noite ardente com o Brad Pitt, mas, ao contrário dos machos, não ficamos comparando com o loirão os homens com os quais efetivamente temos noites ardentes. Sabemos que delírio é delírio, photoshop é photoshop.

Aqui estão motivos hormonais, sociais, comportamentais e empíricos que levam algumas mulheres a cair de amores por pançudos porto-riquenhos como Benício Del TOro (uh! Quem tem medo do lobo mau) e outros do mesmo tipo.

Não-bonitos são mais ligados em cultura -

Os bonitões não precisam se esforçar na conversa nem ler Fernando Pessoa para impressionar – é só chegar e pegar. Levando em consideração que homens não passam da adolescência, os cidadãos desse tipo vão ficar insistindo nesse comportamento até a chegada dos cabelos brancos. Já os não-bonitos, desprovidos de facilidades naturais, precisam de outras armas para triunfar nesse mundo cruel. Então começam a ler, sacar o espírito feminino e, em poucos anos, continuam não-bonitos mas infinitamente mais interessantes. O que, de longe, é mais importante.

Exemplos notórios: Woody Allen, Vinícius de Morais.

Não-bonitos são muito mais envolventes

Nós queremos mesmo é rir, ouvir um papo que preste e estar ao lado de um cara que puxe a cadeira para nos sentarmos. O que os não-bonitos têm a ver com isso? Tudo. Seguindo a lógica da compensação, é muito maior a probabilidade de um não-bonito ser charmoso e ter habilidade para transformar aquele narigão numa característica viril.

Exemplos notórios: Gérard Depardieu.

Não-bonitos despertam nas mulheres o instinto maternal

Toda mulher, mesmo que negue, tem forte instinto maternal. Não pode ver um coelhinho, urubuzinho, que já faz voz de criança, chama de lindinho. A vontade de encher de carinho e beijinho o que parece desprotegido é incontrolável. Não-bonitos têm o mesmo efeito e, assim como os bichinhos, muitas chances de ficar conosco debaixo do edredom.

Exemplos notórios: Adrien Brody

Não-bonitos são mais dedicados à alegria feminina

Homem feio dá menos trabalho. Tudo bem que ele é culto, divertido, charmoso, mas nenhuma perua vai sacar isso só de olhar para a cara dele – que, convenhamos, não é lá essas coisas. Desde cedo, os desprovidos aprenderam que, se o forte deles não é a figura, tem de ser outro, muito mais vital: atender os desejos da mulherada. Onde, neste mundo, um bonitão, com tanta mulher disponível, vai se dar ao trabalho de ser eficiente sobre os lençóis?

Conclusão

Mulheres são mais humanitárias e menos superficiais que os homens. Sem contar que somos possuidoras de um gosto sortido. Um pouco esquisitas, também (mas isso vem de fábrica). O que significa que a gama de marmanjos que podem interessar a nós é muito maior do que a variedade de mulheres que podem chamar a sua atenção. Ruim pra você? Só se você não aprender como transformar estrabismo em algo sexy, careca em visual cool. Porque, se aprender, não vai ter Rodrigo Santoro que te encare (para o seu bem, leia esse exagero como licença poética). Ou, pelo menos, você não vai fazer feio. Mesmo não sendo bonito.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quem me roubou de mim?


“Nunca esqueça quem você é!
O pior pecado que podemos cometer na vida é esquecer quem somos. Existem pessoas que têm o dom de nos roubar, existem pessoas que têm o dom de nos fazer esquecer quem somos, mas existem outras que têm o dom de nos devolver e de nos fazer lembrar quem somos. Este foi o grande poder do olhar de Jesus, o olhar de Jesus atingia e fazia aquela pessoa recordar-se que ela era filha do céu! Um diamante mesmo quando sujo continua sendo diamante, mesmo quando ele está com a aparência de barro e de cascalho, lá dentro a dignidade está preservada: é diamante! E a sua vida é isso, pode ser que em algum momento da sua história você tenha se sentido cascalho, só sentido, porque você não é, você é diamante precioso!”.

E o que ele fala sobre relacionamentos. Pra refletir:

“...Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado para melhor?
Será que você é lembrança doída na vida de alguém? Será que já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em algum?
Sejam quais forem as respostas, não tenha medo delas. Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias”

“Um círculo não pode ser quadrado. O grande problema das nossas projeções que são próprias dos contos de fadas e que expressam bem o mito do amor romântico, é justamente a tendência humana de querer que o círculo seja quadrado”.



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Simone de Beauvoir


Em 1857, a sociedade francesa escandalizou-se com a publicação de uma novela dramática de Gustave Flaubert. Tratava-se de um relato ficcional, escrito com crueza e realismo, sobre a esposa de um médico rural, Ema Bovary, que depois de ter praticado adultério se suicidara. Livro que serviu de velada condenação ao comportamento feminino e das forças que se combinavam por desgraçar a mulher. Quase um século depois, em 1949, a mesma sociedade foi novamente abalada, desta vez por um contundente ensaio publicado por uma das mais famosas escritoras do país: Simone de Beauvoir. O título era O Segundo Sexo, livro que desde então correu o mundo e contribuiu definitivamente para a emancipação da mulher contemporânea.

Simone De Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908, e faleceu a 14 de abril de 1986, em Paris. Participante do grupo de escritores filósofos que deram uma transcrição literária dos temas do Existencialismo, ela é conhecida primeiramente por seu tratado Le Deuxième Sexe (1949 - O Segundo Sexo), um apelo intelectual e apaixonado pela abolição do que ela chamou o mito do "eterno feminino". Esta notável obra tornou-se um clássico da literatura feminista.

Educada em instituições privadas, Simone depois freqüentou a Sorbone onde, em 1929, concluiu filosofia e conheceu Jean-Paul Sartre, mantendo com ele um companheirismo por todo o resto da vida. Ela ensinou em várias escolas (1931-43) antes de voltar-se para escrever para se manter. Em 1945 ela e Sartre fundaram e começaram a editar Les Temps modernes, uma revista mensal, da qual eles próprios eram os principais colaboradores.

Suas novelas abordavam os principais temas Existenciais, demonstrando sua concepção do compromisso do escritor com sua época. L'Invitée (1943 - "A convidada") descreve a destruição do relacionamento de um casal sutilmente provocada pela permanência prolongada de uma jovem em sua casa, e também trata do difícil problema de relacionamento de uma consciência para com outra, cada consciência individual sendo fundamentalmente predadora da outra. De suas obra mais a mais conhecida talvez seja é Les Mandarins (1954; Os mandarins), uma crônica da tentativa dos intelectuais do pós-guerra de deixar seu estatus de elite educada, "mandarins", para se engajarem no ativismo político, uma lição que os intelectuais de esquerda seus admiradores aprenderam com rapidez em todo o mundo.

Ela também escreveu quatro livros de filosofia, Pour une Morale de l'ambiguité (1947 - "A ética da ambigüidade"); livros de viagens sobre a China La Longue Marche: essai sur la Chine (1957 - A Longa Marcha: ensaio sobre a China) e L'Amérique au jour de jour (1948 - "A América dia a dia), e vários outros ensaios, dos quais o mais conhecido é o referido "O Segundo Sexo".

Vários volumes de sua obra são devotados a autobiografia. Esses incluem Mémoires d'une jeune fille rangée (1958 - Memórias de uma filha diligente), La Force de l'âge (1960 - O vigor da idade), La Force des choses (1963 - A força das coisas), e Tout compte fait (1972 - Tudo dito e feito). Esses trabalhos mostram um retrato claro e significativo da vida intelectual francesa dos anos 30 aos anos 70.

Preocupada também com o problema da velhice, que ela aborda em Une Mort très douce (1964 - "Uma morte suave"), sobre a morte de sua mãe num hospital, e La Vieillesse (1970; Old Age), uma amarga reflexão sobre a indiferença da sociedade pelos velhos. Em 1981 ela escreveu La Cérémonie des adieux ("Cerimônia do adeus"), um doloroso relato dos últimos anos de Sartre. Considerada uma mulher corajosa e íntegra, Simone de Beauvoir viveu de acordo com sua própria tese de que as opções básicas de um indivíduo devem ser feitas sobre a premissa e uma vocação igual para o homem e a mulher fundadas na estrutura comum de seus seres, independentemente de sua sexualidade.

MINHA OBS: CTRL C E CTRL V NÃO É SEU, FONTE POR FAVOR!!!!!

http://www.cobra.pages.nom.br/ft-beauvoir.html

http://my.opera.com/Lux%C3%BAria/blog/2009/08/05/os-amores-simone-de-beauvoir


Simone de Beauvoir e Jean - Paul Sartre

Simone conheceu Jean-Paul Sartre na Sorbonne, não tardou a ligar-se a ele, três anos mais velho do que ela, tido como uma das maiores promessas da filosofia francesa, com quem fez um pacto, ao redor do ano de 1929. Comprometeram-se os dois a ter uma relação aberta; pois o casal tinha experiências amorosas com terceiros; e fecunda, que lhes permitiu compatibilizar suas liberdades individuais com sua vida em conjunto. Dedicaram-se integralmente à literatura e à filosofia, abdicando de terem um lar e filhos. Tornaram-se para sempre devotos da palavra escrita, ao sacerdócio das letras e do pensamento.

Sentados num banco de pedra no Jardim do Carroussel, praça diante da entrada principal do Louvre onde hoje se erguem as polêmicas pirâmides de vidro, Jean-Paul-Charles-Aymard Sartre e Simone-Ernestine-Lucie-Marie Bertrand de Beauvoir decidiram firmar, em 1929, um contrato de dois anos. "Entre nós, trata-se de um amor necessário: convém que conheçamos também amores contingentes." Se esta cena chega até hoje com tamanha riqueza de detalhes é porque seus protagonistas assim o desejaram. E, mais do que isso, deliberadamente fizeram de suas vidas uma daquelas narrativas fundadoras: Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, sinônimos de intelectual, existencialismo, engajamento, liberdade e liberação.

O casal sempre morou em apartamentos separados. Simone, inicialmente, vivia num studio na Rue de la Bûcherie, rua onde funciona hoje a livraria Shakespeare & Company (ponto intelectual da Paris de Hemingway e James Joyce), com generosa vista para a Notre Dame, o que impressionou muito seu "marido" americano, o Nelson Algren de O Homem do Braço de Ouro. Em seus últimos anos, ela voltou para Montparnasse onde nascera, ocupando um studio duplex com vista para o belo cemitério onde seria enterrada no mesmo túmulo de Sartre. O filósofo, por sua vez, depois de ter o apartamento atingido por duas bombas, também transferiu-se em 1962 para as imediações do cemitério.

Em 1977, com a saúde cada vez mais debilitada, Sartre é motivo de grande preocupação para Simone, que, junto com outras amigas e amantes dele, se revezam a fim de impedi-lo de continuar bebendo. Senil e cada vez mais manipulado por Benny Lévy, Sartre assina artigos que Simone considera uma dupla traição: a ele mesmo e a ela. A relação entre ambos torna-se tensa, e Simone sofre terrivelmente com a decrepitude de Sartre. Em meados de março de 1980, Sartre é internado no hospital. Jean-Paul Sartre morre no dia 15 de abril. Beauvoir cai numa profunda depressão, e desenvolve uma nova pneumonia, da qual jamais se recuperará totalmente. Depois da morte de Sartre, a saúde física e mental de Simone havia começado a se deteriorar, sobretudo por causa de sua dependência do álcool e de anfetaminas. Beauvoir dá entrada no hospital Cochin, em março de 1986, com dores de estômago supostamente devidas a uma apendicite. Um edema pulmonar é diagnosticado. A cirurgia revela que seu fígado estava debilitado. Depois da operação, Simone contrai pneumonia e permanece num serviço de reanimação. Beauvoir precisa voltar à reanimação, onde seu estado se agrava subitamente. Ela morre na tarde de 14 de abril de 1986, aos 78 anos. Curiosamente, as causas de sua morte são praticamente as mesmas da de Sartre, falecido 6 anos antes, em 15 de abril de 1980.


Em 19 de abril Simone é sepultada no cemitério de Montparnasse, após uma cerimônia que reuniu cinco mil pessoas — que seguiram a pé o cortejo fúnebre até o túmulo de Sartre. Conforme havia desejado, ela é enterrada com o anel (de “noivado”) de Algren em seu dedo. O caixão desce à tumba que Simone partilhará com Sartre. Lanzmann lê um texto de Beauvoir. Um rumor de frustração se eleva da multidão, na maioria composta por feministas, muitas vindas do exterior, um rumor feito de cólera porque é um homem que lê suas últimas palavras, e de frustração porque a maior parte delas havia ficado do lado de fora do cemitério. Ordens haviam sido dadas para que se fechassem os portões cedo demais (talvez em razão dos esbarrões dos fotógrafos de jornal, que haviam quebrado túmulos e empurrado Beauvoir numa cova por ocasião do sepultamento de Sartre). Jacques Chirac, então prefeito de Paris, lê um curto texto dizendo que a morte de Beauvoir assinalava o fim de uma época em que a literatura engajada havia marcado a sociedade. A despeito destas palavras, é evidente que ainda hoje, no século XXI, Simone de Beauvoir continua a inspirar inúmeras pessoas. Basta visitar o cemitério de Montparnasse para se convencer disso: seu túmulo está sempre ornamentado com flores frescas e bilhetes de agradecimento que chegam todo dia dos quatro cantos do mundo.


sábado, 21 de agosto de 2010

Fizeram a gente acreditar

Por Martha Medeiros

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo,
amor pra valer, só acontece uma vez,
geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado
nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar
que cada um de nós é a metade de uma laranja,
e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém
em nossa vida merece carregar nas costas
a responsabilidade de completar o que nos falta:
a gente cresce através da gente mesmo.
Se estivermos em boa companhia,
é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um",
duas pessoas pensando igual, agindo igual,
que isso era que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome:
anulação.
Que só sendo indivíduos com personalidade própria
é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório
e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos
e magros são mais amados,
que os que transam pouco são caretas,
que os quem transam muito não são confiáveis,
e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto,
só não disseram que existe muito mais cabeça torta
do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar
que só há uma fórmula de ser feliz,
a mesma para todos,
e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado,
frustram as pessoas, são alienantes,
e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, também não contaram que ninguém
vai contar isso tudo prá gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho.
E aí, quando você estiver muito apaixonado
por você mesmo,
vai poder ser muito feliz
e se apaixonar por alguém."

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Loucos e santos



Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Oscar Wilde

Eu e meus avessos


"Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O ‘não ser está no avesso do ser’, assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas complementando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos."

Padre Fábio de Melo

Um dia vc chega lá... ou não...



Se meu andar é tão hesitante e minhas mãos tão tremulas, ampare-me... Se minha audição não está boa e tenho de me esforçar para ouvir o que voce está dizendo, procure entender-me... Se minha visão está imperfeita e o meu entendimento está escasso, ajude-me com paciência... Se minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão, por favor não se irrite, tentei fazer o melhor que pude... Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, pare para conversar comigo, sinto-me tão só... Se você na sua sensibilidade me vê triste e só, simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário... Se lhe contei pela terceira vez a mesma "história" num só dia, não me repreenda, simplesmente escuta-me... Se me comporto como criança, cerque-me de carinho... Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajude-me na preparação para o adeus... Se estou doente e sou um peso em sua vida, não me abandone, um dia você terá a minha idade... A única coisa que desejo neste meu final da jornada, só um pouco de respeito e de amor... Um pouco... Do muito que te dei um dia !!!

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Independentemente da nacionalidade, raça, cor ou condições financeiras, a natureza nos força a trilhar os mesmos caminhos percorridos por aqueles que nos antecedem. Se não houver a valorização dos méritos das pessoas mais velhas de nossa parte, nossos filhos estarão crescendo e sendo formados sob os mesmos conceitos, aos quais provavelmente nós é que seremos submetidos em alguns anos. Lembremos que podemos ser tratados pelos nossos jovens da mesma maneira que estamos ensinando-os a tratar os seus idosos.

Aqueles que souberem aproveitar do convívio com os mais velhos terão muito a aprender com seus conselhos. Pois estes, apesar de terem as forças tragadas pelos anos, vão continuar nos ensinando com a atitude humilde de permitir que sejam guiados ou até mesmo ajudados na sua higiene pessoal.

Com a riqueza acumulada ao longo dos anos, a presença dos mais velhos traz para os mais novos o tesouro daqueles que aprenderam a ver o mundo com os olhos do coração. Ainda que não tenham mais o mesmo vigor destes, nossos velhos detêm o conhecimento e a sabedoria que não são aprendidos em livros e estão sempre dispostos a partilhar tal riqueza.

Se não podemos mudar o conceito do mundo a respeito dos idosos, muito podemos fazer no nosso universo familiar. O respeito começa em casa.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Principe encantado?


"E viveram felizes para sempre!".
Quando eu era pequena eu ouvia, assim como você, a história dos príncipes encantados. A princesa estava em perigo, o amor era a salvação, o príncipe aparecia e tudo tinha um belo final, com passarinhos cantando, bules falantes e cavalos brancos com asas.

Hoje acho mais fácil encontrar um bule que converse, um passarinho cantando Frank Sinatra e voar nas costas de um cavalo branco do que encontrar um príncipe encantado. Não que os príncipes não existam, o problema é que eles perderam o encanto! E não adianta jogar as tranças, comer a maça, cantar à beira mar, porque eles só vão olhar para você se suas formas compensarem meia hora de diversão. Romantismo? jamais! Caso demonstre alguma ponta de romantismo você será chamado de pegajosa, grudenta, ultrapassada, e perderá seu "príncipe".

Agora, a maioria é assim, mas não são todos. Em algum lugar, em algum canto deve haver ainda os príncipes encantados. O negócio é "dar faxina no seu castelo", ajudar todos "anões" que surgirem pelo caminho, ensinar as "feras" a ler, até encontrar o príncipe encantado. Se nada der certo, desisto! Espeto meu dedo numa agulha, durmo 100 anos e espero ser acordada. Caso também não funcione, eu compro um despertador potente, um bela garrafa de vodka e desperto pronta para a próxima.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mensagem do dia

O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo,indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi.

CAZUZA.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Amor é prosa, Sexo é poesia

Li o livro do Arnaldo Jabor, Amor e prosa, Sexo é poesia, e achei o trecho que ele explica, claro na visão dele a diferença entre amor e sexo, e resolvi postar aqui. Ah coragem pra ler.

Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:
- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...
Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa...
A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...
Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.
O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posterior pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.
No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Sexo não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM “AMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lili inventa o mundo



Esse poema é do Mário Quintana, é um dos meus favoritos, nem preciso explicar o porq.

Teu riso de vidro
desce as escadas às cambalhotas
e nem se quebra,
Lili,
meu fantasminha predileto!
Não que tenhas morrido...
Quem entra num poema não morre nunca
(e tu entraste em muitos...)
Muita gente até pergunta quem és...
(...)
Talvez sejas apenas a minha infância!
E que importa, enfim, se não existes...
Tu vives tanto, Lili! E obrigado, menina,
pelos nossos encontros, por esse carinho
da filha que eu não tive.



Extraídos do livro
LILI INVENTA O MUNDO.